- Angola, 50 anos depois -
É raro que eu escreva algo sobre Angola e sobre os angolanos.
Mas ontem, algo falou mais alto: a saudade.
Já lá vão 50 anos —
da tortura ao descontentamento,
do (des)serviço ao serviço,
da guerra à paz,
da (des)governação à governação.
E, mesmo assim, Angola continua a falar aos nossos corações:
“Vocês pertencem a este lugar.
Vocês nasceram aqui.
Aqui é a vossa terra-mãe.”
Fomos gerados por ti, Angola.
Tu nos ensinaste a palavra resiliência,
para que nunca desistíssemos de ti,
apesar do que vivemos quotidianamente.
Filhos e filhas desta terra,
lembrem-se: Angola é a esperança de cada um de nós.
Nada é perfeito, mas tudo aqui é fruto
da mão estendida ou do empurrão de cada angolano.
Não devemos concentrar-nos apenas nas decisões políticas —
muitas vezes dolorosas e incompreensíveis —
que nos levam a sentir ódio pelo nosso próprio país.
Angola é nossa.
Fora desta nação, não existe outra
que nos mostrou o primeiro sol,
o primeiro sorriso,
a primeira queda,
o primeiro levantar.
Nada é eterno, mas acredito que a resiliência do nosso povo é.
Mesmo tendo tudo e não tendo nada,
vocês — cada um à sua maneira —
sempre responderam presente por este país.
Hoje, celebrem: bebam, comam, chamem o vizinho ao lado.
Peçam desculpas.
A nossa nação tem o seu jeito próprio de reconciliação:
“Wi, desculpa só, já…”
“Fica calmo, txé.”
Essas palavras simples falam, curam e resolvem.
Não se deixem abater pelo que vimos e vivemos.
Tenham tempo para pensar no que ainda está por fazer.
O nosso país não nos permite ficar parados no tempo —
mas convida-nos a aproveitar cada momento para sermos nós mesmos.
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